Se tentássemos mensurar quantas pessoas conhecemos ao longo da vida, mesmo que não chegássemos a um número exato, sabemos que seria alto - e ele cresce a cada dia, afinal, estamos sempre conhecendo pessoas novas. Assim, quando ouvimos falar da importância de manter contato com essa rede (fazer networking), fica difícil saber por onde começar - afinal, não há tempo disponível para marcar aquele cafezinho com todo mundo.
É por isso que precisamos ter alguma estratégia, tanto para decidir sobre com quais pessoas iremos manter um contato mais frequente, quanto sobre o melhor formato para fazer isso. Esse planejamento deve considerar nossos próprios objetivos de carreira - assim, o networking se torna um grande aliado na nossa busca por um novo emprego, uma promoção, uma transição de carreira e até novos negócios para as empresas onde trabalhamos.
Ter estratégia ao fazer networking não se trata de deixar de conversar com algumas pessoas caso elas não nos tragam algum tipo de benefício. Pelo contrário: se trata de trazer mais qualidade para nossas relações, em que possamos ensinar e também aprender mais, especialmente quando se trata de vida profissional.
Já que nosso tempo (e o das pessoas ao nosso redor) é tão valioso, vale a pena entender de que forma conseguimos otimizar nossos esforços para gerarmos valor para nós e para o máximo de pessoas da nossa rede. E isso não necessariamente significa algo sofisticado ou difícil, por isso compartilho aqui algumas formas - relativamente simples - pelas quais podemos manter contato com pessoas relevantes pra nós.
VAMOS COMEÇAR ALINHANDO EXPECTATIVAS
Quando falamos de uma rede de amizade, há uma estimativa de que podemos mantê-la com, em média, 150 pessoas. Essa quantidade considera familiares, amigos, vizinhos e colegas de trabalho, por exemplo, e é conhecida como número de Dunbar (nomeada com o sobrenome do antropólogo que a estipulou).
Perceba que esse número independe da existência das redes sociais. Afinal, mesmo que tenhamos uma quantidade muito maior de contatos virtuais, isso não significa que tenhamos uma relação de amizade com todas elas (o LinkedIn, por exemplo, permite adicionar até 30 mil pessoas). Assim, o número de Dunbar considera não a quantidade de pessoas que podemos alcançar, e sim a nossa própria capacidade de criar e manter relacionamentos.
A quantidade de 150 pessoas pode até não parecer muito grande, mas já pensou se você fosse marcar um cafezinho todas elas?
Haja café pra dar conta, né? Por isso, é natural termos diferentes níveis de relações, e algo que diferencia, por exemplo, amigos de conhecidos, é a frequência com que mantemos contato com essas pessoas, bem como a qualidade das nossas relações. Isso significa que não basta estar sempre presente se nossa interação não gera valor para o outro; ao mesmo tempo em que uma pessoa que gera valor, mas raramente está presente, pode ter sua relação enfraquecida.
Após termos clareza sobre quem estará na nossa lista de prioridade para fazermos networking (caso você não tenha a sua, um Mentor de Carreira pode ajudá-lo a desenhar esses critérios), podemos considerar alguns caminhos para começar:
1. O BÁSICO FUNCIONA: DÊ UM ALÔ
Fazer uma ligação para colocar o papo em dia é uma das formas mais simples de manter contato com pessoas importantes pra nós. Pode até ser com agendamento prévio considerando a rotina dos envolvidos: uma mensagem no WhatsApp perguntando qual o melhor horário para atender uma ligação, um convite para uma videochamada, ou até marcando um café presencial.
Para pessoas com quem gostaríamos de manter uma relação mais próxima, vale a pena uma conversa ao vivo - com tema livre ou pré-definido (como em um benchmarking - trocando ideias sobre uma área de atuação que ambos conheçam).
2. "VI ISSO E LEMBREI DE VOCÊ"
Após começar a atuar como Mentora de Carreira, passei a receber mensagens de diversos amigos com conteúdos relacionados ao tema, o que inclui desde memes (piadas) até matérias em portais renomados sobre processos seletivos, soft skills e oratória. Da mesma forma, quando vejo um conteúdo que me lembra alguém (seja pela área de atuação, personalidade da pessoa ou opinião que ela já compartilhou comigo em algum momento), eu faço o mesmo.
Essa técnica vai além de encaminhar um post: dependendo do conteúdo escolhido e da mensagem que escrevemos ao enviá-lo, é uma forma de demonstrar que você conhece características daquela pessoa, se lembra dela, e que tem a intenção de contribuir com o seu desenvolvimento - inclusive até "pegando um gancho" para continuarem conversando sobre o tópico abordado.
3. VALORIZE O CONTEÚDO DE QUEM PRODUZ
Se a pessoa com quem você gostaria de fortalecer relações produz conteúdos em redes sociais (como posts, artigos e vídeos), essa é uma ótima oportunidade de conhecê-la melhor. A partir disso, identifique pontos de semelhança e comente o que vocês têm em comum. As diferenças também podem ser válidas para essa interação - nesse caso, de forma construtiva, conte o que te faz ter uma visão diferente e mostre-se aberto para continuar essa conversa.
Assim, você demonstra que o que aquela pessoa tem a dizer é relevante pra você (e acredite, para nós que produzimos conteúdos, é muito legal receber feedbacks que mostram isso). É também uma oportunidade para que você revele um pouco de você - suas opiniões, sua visão de mundo, e até sua habilidade de comunicação.
4. EVENTOS PODEM TE CONECTAR ÀS PESSOAS CERTAS
Presenciais ou virtuais, os eventos (como feiras e palestras) são uma oportunidade de conhecer pessoas novas e aumentar nosso conhecimento. Além disso, tratam-se de oportunidades muito ricas, pois as pessoas que estão ali provavelmente têm interesses parecidos com os seus - e muito para ensinar.
Presencialmente, aproveite momentos como o intervalo (coffee break) para se apresentar, interagir e aprender com a experiência de outros participantes. Esteja também aberto a compartilhar - conte algo que te chamou a atenção no conteúdo do evento ou conecte com algo que você viveu fora dali. Os ambientes de eventos virtuais costumam ser mais limitados nesse sentido, mas identificar pessoas com quem você poderia conversar posteriormente em outro espaço (como o LinkedIn, por exemplo), pode ser o início de uma relação positiva para ambos.
5. ANTES DE PEDIR AJUDA, OFEREÇA
Sabe quando recebemos aquela mensagem de "oi, sumido(a)"? Geralmente ela é enviada por alguém que passou muito tempo sem dar notícias e que, por algum novo motivo ou necessidade, decidiu retomar o contato. Isso acontece com alguma frequência com profissionais que buscam recolocação, que têm pressa em encontrar uma nova oportunidade. Claro que ativar nossa rede de contatos pode sim acelerar o processo de busca por um novo emprego, mas o contato repentino coincidindo com essa fase profissional pode dar a impressão de que essa relação existe apenas devido a esse interesse.
Para evitar que esse relacionamento pareça não-genuíno, é importante pensar em formas de mantê-lo independentemente da fase em que nos encontramos. Pense: de que forma você pode ajudar um amigo que quer trabalhar na mesma área que você? Você poderia ser uma ponte, apresentando duas pessoas da sua rede que ainda não se conhecem e que poderiam se ajudar? O que a sua experiência tem a oferecer que pode ser útil para alguém que ainda não trilhou esse caminho?
Quando pensamos em como nossa vida tomou caminhos específicos simplesmente porque conhecíamos uma determinada pessoa - que nos avisou sobre uma vaga que estava aberta, nos indicou um curso, ou que nos recomendou para um cliente que buscava alguém que oferecesse o serviço que prestamos - percebemos o quanto nossas conexões podem ser poderosas. Podemos esperar ter a sorte de isso tudo acontecer naturalmente, ou podemos também colocar energia para que essas relações sejam prósperas, nos ajudando a alcançar nossos objetivos. Eu fico com a segunda opção, e você? :)
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Artigo publicado originalmente aqui.
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